Se é Vila Viçosa que vos vem ao pensamento para a próxima incursão pelo Alentejo, não só recomendamos que o façam, como vos garantimos que não se vão desiludir.
E se estiverem a interrogar-se sobre “o que visitar em Vila Viçosa?”, a única preocupação que deverão ter é mesmo decidir quanto tempo cá querem ou podem ficar.
Quer estejam a ponderar vir passar férias nesta região do Alentejo, ou mesmo um fim-de-semana ou aquela escapadinha a dois, Vila Viçosa é o sítio perfeito para relaxar, descontrair e desfrutar “devagariiiinho” … que estamos no Alentejo!!
Ora, só para aguçar o apetite, e para verem que não estamos a ser exagerados quando garantimos que há muito para conhecer, é talvez interessante começar por referir que desde os tempos do Império Romano que o actual território de Vila Viçosa teve ocupação.
Naquela altura, Vila Viçosa era conhecida como Callipole e foi também com a presença romana que começou a tradição que ainda hoje se mantém da exploração do mármore, o nosso “ouro branco”.
A construção romana em mármore alentejano mais célebre e visitável nos dias de hoje é o Teatro Romano de Emerita Augusta (Mérida, Espanha), mas claro, o Templo Romano de Évora também não deixa de impressionar!
Depois dos romanos ainda vieram os muçulmanos que por aqui andaram até o Rei D. Afonso II, no ano de 1217, ter dito “alto e pára o baile”, resgatando assim os territórios de Vila Viçosa, à altura designados por Vale Viçoso, e colocando-os nos caminhos gloriosos da história do Alentejo e de Portugal.
Mais tarde, por responsabilidade de D. Afonso III foi atribuído o foral, que motivou também a definição do atual nome, Vila Viçosa. Pouco depois foi a D. Dinis quem coube a decisão de edificar o nosso belo Castelo medieval, que ainda hoje se mantém intacto!
Depois de romanos, muçulmanos e portugueses, as terras de Vila Viçosa viveram um episódio insólito quando, a propósito do famoso Interregno (1383-1385), Vasco Porcalho se apodera da vila e toma partido da “inimiga” Castela, obrigando os calipolenses a pedir abrigo aos vizinhos de Borba … vizinhos, vizinhos, espanhóis à parte, que de Espanha nem bom vento … vocês sabem o resto!
As desavenças com os vizinhos ibéricos ficaram sanadas mais tarde, após a célebre vitória na Batalha de Aljubarrota, que serviria de lição aos hermanos e colocaria fim às suas pretensões de se apoderar do nosso belo Portugal … por alguns anos!
Após a vitória das cores lusas sobre os exércitos ao serviço do lado “menos bom” da Península, os territórios de Vila Viçosa passaram para a posse do grande D. Nuno Álvares Pereira, um dos maiores responsáveis pela manutenção da fronteira portuguesa onde ainda hoje está.
Em sequência destes acontecimentos, em 1461, Vila Viçosa passou a fazer parte do Ducado de Bragança.
A criação do Ducado de Bragança deu início a um período de prosperidade assinalável em Vila Viçosa, para qual contribuiu decisivamente, em 1502, a construção do famoso e inconfundível ex-libris, o Paço dos Duques de Bragança, favorecendo decisivamente a ascensão de Vila Viçosa a sede do Ducado de Bragança.
Não menos importante, e fruto desse crescimento, Vila Viçosa recebeu a atribuição de novo foral por iniciativa do Venturoso D. Manuel I.
A crise dinástica que motivou a vinda de nuestros hermanos para reinar o nosso país em 1580 não impediu a prosperidade e o prestígio do Ducado de Bragança e, sobretudo de D. João II, 8º Duque de Bragança.
Foi justamente este ilustre calipolense D. João II, 8º Duque de Bragança que, no pós adiós muchachos compañeros de península, ou como bem aprendemos na escola, a Restauração da Independência, em 1640, assumiu o trono como D. João IV de Portugal. Vila Viçosa foi o berço do Rei Restaurador … e nós por cá somos vaidosos disso!
Não menos simbólico e motivo de orgulho foi a decisão do mui nobre calipolense Restaurador el Rei D. João IV, de coroar Nossa Senhora da Conceição como Padroeira de Portugal, em 1646. O Santuário de Nossa Senhora da Conceição é por isso parte importante da tal lista de “o que visitar em Vila Viçosa” de que já falámos.
Se não fomos suficientemente esclarecedores relativamente à importância dos acontecimentos relatados, é bom lembrar que ainda hoje celebramos em Dezembro duas importantes datas, por um lado o dia 1, Restauração da Independência e por outro o dia 8, a Coroação de Nossa Senhora, … bem podem agradecer aos calipolenses mais dois feriados no calendário nacional e mais dois dias para passear! Não têm de quê!
Outra real curiosidade com origens calipolenses é a particularidade de D. Catarina de Bragança, filha do Restaurador D. João IV se ter tornado Rainha de Inglaterra, por casamento com Carlos II de Inglaterra, e ter por lá introduzido a tradição do chá. O muito famoso “chá das cinco” é na verdade o chá da Tia Catarina de Vila Viçosa!
Se este tipo de curiosidades e histórias são aquilo que procuram, sugerimos que venham conosco passear no nosso Passeio a pé em Vila Viçosa.
O Terramoto de 1755 também quis dar um ar da sua graça por estas bandas e Vila Viçosa, tal como toda a região sofreu com os abalos que nos deixaram um rasto de destruição assinalável, mas como somos duros que nem pedra [mármore], preparamo-nos para mais investidas indesejadas!
Como as desgraças nunca vêm isoladas, depois dos atrevimentos espanhóis em 1383-1385 e 1580-1640, Vila Viçosa sofreu também às mãos dos vizinhos do lado de lá dos Pirinéus, quando Napoleão Bonaparte achou por bem mandar invadir a casa alheia parce que os portugueses ils sont très “não mandas aqui oh franciu”!
Como não há duas sem três, não contente com uma derrota, Napoleão e o seu exército lograram o feito de em três anos 1807-1810 terem sido recambiados três vezes! Se os gauleses são irredutíveis, nós por cá somos inexpugnáveis! … arrête mon ami Bonaparte, ici c’est Portugal!
Não menos verdade é que a troco de muito vinho do Porto garantimos a ajuda dos nossos best friends forever ingleses e do famoso 1º Duque de Wellington, Sir Arthur Wellesley, cujo auxílio foi decisivo para enviar os franceses back home.
Retomada a normalidade pós “napoleónica” Vila Viçosa retomou a sua vida enquanto local de frequência aristocrática, mas, fruto da sua identidade religiosa sofre algumas mudanças com a extinção das ordens Religiosas (1834) dada a proliferação de conventos e mosteiros que por cá se encontravam.
Os finais do século XIX ficam marcados pela preferência de D. Carlos e D. Amélia por temporadas em Vila Viçosa, D. Carlos tinha uma predileção por caçar na Tapada … e sobretudo pela degustação da caça … mas também pela pintura dos cenários da região.
A turbulência inicial de do século XX nacional tem ligação com Vila Viçosa no facto de ter sido de cá que D. Carlos iniciou a viagem que terminou no fatídico Regicídio, que levaria ao fim da Monarquia, pouco tempo mais tarde, e à perda de influência de Vila Viçosa enquanto local de sociabilidade da Família Real e seus pares.
De então para cá, e não menosprezando alguns ilustres calipolenese que levaram alto o nome na nossa terra, tais como Florbela Espanca, Henrique Pousão ou Bento de Jesus Caraça, o século XX fez afirmar aquele que tem sido o maior embaixador da nossa região em Portugal e no mundo … o mármore!
Para os mais curiosos em relação à história e à indústria do mármore sugerimos o nosso Tour dos Mármores.
Fale Connosco